“Eu amo Trás-os-Montes naquele silêncio das florestas e das estradas afastadas que aguardam ora a neve, ora o pavor do Verão. Amo-o ainda mais quando vejo a cor da terra e a sombra dos seus castelos em ruínas, quando suspeito o fundo dos rios, os recantos junto dos açudes e a altura das árvores. E perco-me desse mal de paixão, quando, de longe, Trás-os-Montes se assemelha vagamente a uma terra prometida aos seus filhos mais distantes, ou mais expulsos, ou mais ignorados, ou mais mortos apenas. E amam-se aquelas árvores porque vêm do interior da terra, justamente, sem invocar a sua antiguidade ou a sua grandiosidade. Ama-se o frio, até, o esplendor das geadas sobre os lameiros, o sabor da comida que nunca perdeu a intensidade nem a razão. E amam-se os rios, os areais, os poços das hortas, as cancelas de madeira que vão perdendo a cor, e talvez se amem o fogo das lareiras, os ramos mais altos dos freixos e das cerejeiras, os jardins abonecados das suas cidades, o granito das casas, o cheiro das aldeias onde ao fim da tarde se chama paz ao silêncio e se dá nome de chuva à água do céu.”
Francisco José Viegas

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Paradela In Noticias do Douro

Paradela de Monforte, aldeia que constitui ela própria uma freguesia, tem a área de 8,53 km2, uma população de 319 habitantes e 346 eleitores. O Presidente da Junta é José Manuel Agrelo Pires. O Padre Delmino Rodrigues Fontoura é pároco da Freguesia, anexa à de Mairos. Situa se a uma altitude de cerca de 650 metros e até 31 de Dezembro de 1853, pertenceu ao concelho de Monforte de Rio Livre. Eclesiasticamente, esteve incluída na diocese de Miranda do Douro, depois na de Bragança e só em 1922 passou a pertencer à então criada diocese de Vila Real. O topónimo pode referir se a um tributo ou um foro, a que se dava o nome de Parada, foro esse que o povo pagava aos senhores da terra, quando nela apareciam e que consistia em certa quantidade de mantimentos ou dinheiro, para mantença ou aposentadoria deles e da comitiva. Era um dos foros pagos entre os séculos XII a XV, pelo que a aldeia terá no mínimo essa antiguidade. É banhada pelo ribeiro do Torneiro que é atravessado pela Ponte de S. Martinho. Na parte antiga da aldeia está situada a interessante capela da Senhora do Rosário dotada de uma galilé. Tem como remate uma artística cruz latina e na sua base está inscrita a data de 1730. No centro da aldeia ergue-se a Igreja Paroquial, em estilo barroco, bem simples, com uma bela pia baptismal manuelina; tem por padroeira a Senhora das Neves cuja festividade se celebra em 5 de Agosto e é conhecida pela festa dos casados. É tradição, cada casal cuidar um ano da manutenção da Igreja, o homem servindo de sacristão e a mulher zelando a limpeza e asseio das instalações. Decorrido o ano, o casal organiza uma festa que inclui a elaboração de um ramo enfeitado com variados produtos da região, entre eles um frango, uma cabaça de vinho, um cacho de uvas, uma melancia e as chaves da Igreja. Realizam se algumas cerimónias religiosas, e este ramo é entregue ao casal destinado a desempenhar as funções de mordomo no ano seguinte. A festa termina com um baile, à porta do novo casal. Junto à Igreja existe uma grande e boa casa senhorial agrícola que pertence à distinta família Morais Sarmento. Na citada casa nasceu o ilustre transmontano, reitor da Universidade de Coimbra, António Luís de Morais Sarmento.
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1 comentário:

Anónimo disse...

Olá
Estou pesquisando a origem de nossa família em Portugal. Gostaria de saber se existe em Paradela um documentário com registros dos habitantes antigos. Meu avô se chamava José Pires Paradela.
Muito agradecida
Cláudia (Salvador- Bahia, Brasil)
e-mail: cfarias_vida@hotmail.com