“Eu amo Trás-os-Montes naquele silêncio das florestas e das estradas afastadas que aguardam ora a neve, ora o pavor do Verão. Amo-o ainda mais quando vejo a cor da terra e a sombra dos seus castelos em ruínas, quando suspeito o fundo dos rios, os recantos junto dos açudes e a altura das árvores. E perco-me desse mal de paixão, quando, de longe, Trás-os-Montes se assemelha vagamente a uma terra prometida aos seus filhos mais distantes, ou mais expulsos, ou mais ignorados, ou mais mortos apenas. E amam-se aquelas árvores porque vêm do interior da terra, justamente, sem invocar a sua antiguidade ou a sua grandiosidade. Ama-se o frio, até, o esplendor das geadas sobre os lameiros, o sabor da comida que nunca perdeu a intensidade nem a razão. E amam-se os rios, os areais, os poços das hortas, as cancelas de madeira que vão perdendo a cor, e talvez se amem o fogo das lareiras, os ramos mais altos dos freixos e das cerejeiras, os jardins abonecados das suas cidades, o granito das casas, o cheiro das aldeias onde ao fim da tarde se chama paz ao silêncio e se dá nome de chuva à água do céu.”
Francisco José Viegas

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Abastecimento de Água

Em Paradela tem uns contornos um pouco diferentes...

Que também passarão a cobrar o serviço

  Chaves

32 Juntas quiseram assumir abastecimento de água às populações

A Câmara Municipal de Chaves entregou a 32 juntas de freguesia a total responsabilidade sobre o abastecimento de água às populações, incluindo a cobrança do serviço. Nas localidades onde as juntas não quiseram assumir a delegação da competência, a Câmara continua a assegura o serviço. A freguesia de Santa Leucádia já tem o sistema praticamente montado. Criou uma taxa fixa para cobrir o custo das análises e ainda este mês vai aprovar o tarifário.

32 Juntas de Freguesia do concelho de Chaves vão passar a ter responsabilidade em questões de abastecimento de água. Até agora, embora em muitas localidades as explorações fossem da aldeia, a responsabilidade do serviço era da Câmara, incluindo o custo das análises obrigatórias e levadas a cabo regularmente.

No entanto, a partir de agora nas 32 Juntas que quiseram assumir a delegação de competências todo o processo passará a ser da responsabilidade das juntas de freguesia, incluindo a cobrança do consumo.
Lembrando que a responsabilidade assumida pelas juntas foi por sua inteira vontade, o presidente da Câmara, João Batista, assegura que a autarquia vai continuar a prestar "apoio técnico" às freguesias.

Por outro lado, entende que a solução vai trazer mais qualidade e mais benefício para os consumidores, que agora "saberão a quem se dirigir quando quiserem solicitar este ou aquele serviço, ou dar sugestões".
A proposta da Câmara no sentido de saber que juntas pretenderiam assumir esta nova competência surgiu na sequência do pedido do Instituto Regulador das Águas e Resíduos sobre a responsabilidade sobre cada ponto de bastecimento.

O presidente de Santa Leucádia, Manuel Santos Ramos, onde até agora, a água só era paga nos meses de Verão, já tem o sistema praticamente pronto. Definiu uma taxa fixa para o custo das análises: 3 euros. A tarifa por metro cúbico será deliberada ainda este mês.

O primeiro escalão deverá rondar os 40/50 cêntimos, valor que irá aumentando à medida que o consumo for mais elevado. A leitura da contagem será feita pelos próprios membros da Junta. "Em colaboração com a Câmara, entendo que a partir de agora as populações irão ficar melhor servidas", acredita Manuel Santos Ramos.

PS reticente

O Partido Socialista votou a favor desta delegação de competência, mas não deixou de tecer algumas críticas. Primeiro, por entender que a tendência neste domínio é o de agrupar sistemas, no sentido de aumentar a eficiência e a qualidade e segurança do serviço e não o contrário: ou seja a disseminação.

Segundo, por temer que, dada a "manifesta insuficiência de recursos técnicos das Juntas de Freguesia", esta delegação de competência "sirva para a Câmara se alhear de estas questões e, em caso de surgimento de situações de risco para a saúde pública, dizer que não é nada com ela".

Além de garantir sempre o "apoio técnico" que as juntas precisem, o presidente da Câmara assegura que se alguma freguesia quiser entregar a concessão do sistema às Àguas de Trás-os-Montes poderá fazê-lo.

No entanto, o mais provável é que, pelo menos nos próximos tempos, a empresa multimunicipal, que irá assegurar o abastecimento de água às sedes e outros grande núcleos populacionais de toda a região, não aceite ficar com os sistemas de abastecimento das aldeias mais afastadas das sedes concelhias.

Margarida Luzio, Semanario Transmontano, 2007-04-11

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