“Eu amo Trás-os-Montes naquele silêncio das florestas e das estradas afastadas que aguardam ora a neve, ora o pavor do Verão. Amo-o ainda mais quando vejo a cor da terra e a sombra dos seus castelos em ruínas, quando suspeito o fundo dos rios, os recantos junto dos açudes e a altura das árvores. E perco-me desse mal de paixão, quando, de longe, Trás-os-Montes se assemelha vagamente a uma terra prometida aos seus filhos mais distantes, ou mais expulsos, ou mais ignorados, ou mais mortos apenas. E amam-se aquelas árvores porque vêm do interior da terra, justamente, sem invocar a sua antiguidade ou a sua grandiosidade. Ama-se o frio, até, o esplendor das geadas sobre os lameiros, o sabor da comida que nunca perdeu a intensidade nem a razão. E amam-se os rios, os areais, os poços das hortas, as cancelas de madeira que vão perdendo a cor, e talvez se amem o fogo das lareiras, os ramos mais altos dos freixos e das cerejeiras, os jardins abonecados das suas cidades, o granito das casas, o cheiro das aldeias onde ao fim da tarde se chama paz ao silêncio e se dá nome de chuva à água do céu.”
Francisco José Viegas

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Dia dos Avós

A propósito do Dia dos Avós, celebrado no passado sábado dia 26, aqui publico um texto recebido por mail e supostamente elaborado por um grupo de criançãs de 8 anos. Deste modo, aqui fica a nossa homenagem aos Avós Fidalgos
 
Reinvenção das avós

Uma avó é uma mulher que não tem filhos por isso gosta dos filhos dos outros.

As avós não têm nada que fazer, é só estarem ali.

Quando nos levam a passear, andam devagar e não pisam as folhas bonitas nem as lagartas.

Nunca dizem: despacha-te!

Normalmente são gordas, mesmo assim conseguem atar-nos os sapatos.

Sabem sempre que a gente quer mais uma fatia de bolo, ou uma fatia maior.

Uma avó de verdade nunca bate numa criança zanga-se, mas a rir.

As avós usam óculos e às vezes até conseguem tirar os dentes.

Quando lêem histórias nunca saltam bocados e não se importam de contar a mesma história várias vezes.

As avós são as únicas pessoas grandes que têm sempre tempo.

Não são tão fracas como elas dizem, apesar de morrerem mais vezes do que nós.

Toda a gente deve fazer o possível por ter uma avó, sobretudo se não tiver televisão.  

 

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