“Eu amo Trás-os-Montes naquele silêncio das florestas e das estradas afastadas que aguardam ora a neve, ora o pavor do Verão. Amo-o ainda mais quando vejo a cor da terra e a sombra dos seus castelos em ruínas, quando suspeito o fundo dos rios, os recantos junto dos açudes e a altura das árvores. E perco-me desse mal de paixão, quando, de longe, Trás-os-Montes se assemelha vagamente a uma terra prometida aos seus filhos mais distantes, ou mais expulsos, ou mais ignorados, ou mais mortos apenas. E amam-se aquelas árvores porque vêm do interior da terra, justamente, sem invocar a sua antiguidade ou a sua grandiosidade. Ama-se o frio, até, o esplendor das geadas sobre os lameiros, o sabor da comida que nunca perdeu a intensidade nem a razão. E amam-se os rios, os areais, os poços das hortas, as cancelas de madeira que vão perdendo a cor, e talvez se amem o fogo das lareiras, os ramos mais altos dos freixos e das cerejeiras, os jardins abonecados das suas cidades, o granito das casas, o cheiro das aldeias onde ao fim da tarde se chama paz ao silêncio e se dá nome de chuva à água do céu.”
Francisco José Viegas

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Guisado de tortulhos
















Limpa-se a terra dos tortulhos com a ajuda de uma faca, e lavam-se bem, sendo que a última lavagem deverá ser feita com água a ferver, para os tortulhos perderem o resto da terra.

Prepara-se um estrugido, com azeite, alho e cebola picados e uma colher de pimentão vermelho ou tomate bem maduro. Junta-se bocados de carne, que pode ser de vitela, porco, galinha ou coelho. Partem-se os tortulhos, aproveitando tudo, desde o pé à carapuça e deitam-se no refogado, quando a carne estiver refogada, mas não tendo muita água já que os próprios cogumelos a vão largar. Temperam-se de sal e deixam-se cozinhar. Verifica-se os temperos, bem como a necessidade de acrescentar água, ou não. Acompanhe este guisado de batatas cozidas.













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