“Eu amo Trás-os-Montes naquele silêncio das florestas e das estradas afastadas que aguardam ora a neve, ora o pavor do Verão. Amo-o ainda mais quando vejo a cor da terra e a sombra dos seus castelos em ruínas, quando suspeito o fundo dos rios, os recantos junto dos açudes e a altura das árvores. E perco-me desse mal de paixão, quando, de longe, Trás-os-Montes se assemelha vagamente a uma terra prometida aos seus filhos mais distantes, ou mais expulsos, ou mais ignorados, ou mais mortos apenas. E amam-se aquelas árvores porque vêm do interior da terra, justamente, sem invocar a sua antiguidade ou a sua grandiosidade. Ama-se o frio, até, o esplendor das geadas sobre os lameiros, o sabor da comida que nunca perdeu a intensidade nem a razão. E amam-se os rios, os areais, os poços das hortas, as cancelas de madeira que vão perdendo a cor, e talvez se amem o fogo das lareiras, os ramos mais altos dos freixos e das cerejeiras, os jardins abonecados das suas cidades, o granito das casas, o cheiro das aldeias onde ao fim da tarde se chama paz ao silêncio e se dá nome de chuva à água do céu.”
Francisco José Viegas

domingo, 22 de maio de 2011

As maias

Na nossa região a flor de giesta, também conhecida pelas maias, é a cor predominante nesta época do Ano. O verde de toda a vegetação é manchado pelo amarelo vivo das maias. Grande parte das caminhadas que faço tem um único objectivo: Fazer chegar bonitas imagens aos nossos fidalgos. As diferenças para cá da objectiva são aquelas a que os nossos leitores não tem acesso, como os cheiros e sons ! Percorrer caminhos neste ambiente, em que as cores se entrelaçam umas nas outras, é sem dúvida bastante gratificante ! Ao caminhar sem grandes pressas, consegue-se ter uma melhor percepção de tudo o que nos rodeia; ouvem-se os grilos e o canto das cigarras; um remexer nas folhatas caídas quando as lagartixas se escondem a quem passa, e claro, o aroma inconfundível das Maias !No entanto, as maias parecem estar no seu ápice, pelo que agora, este jogo de xadrez se vai desmoronar, permanecendo o verde até ao final do Verão .Já tinha referido, algures aqui no blog, que a floração de toda a espécie de plantas anda cerca de um mês adiantada, derivado ao clima que tem sido o mais conveniente. Isto significa que daqui a um mês já não restará sequer uma flor de giesta, para adornar as ruas da aldeia em dia de Corpo de Deus . Pois era com esta flor que grandes tapetes nas ruas eram ilustrados !
Haverá outras, concerteza....

1 comentário:

Óscar Santos disse...

Lindas fotos, estas e outras, com que nos presenteias frequentemente, caro amigo!! Essa tua objectiva nova tem um bom alcance, com grande definição.