“Eu amo Trás-os-Montes naquele silêncio das florestas e das estradas afastadas que aguardam ora a neve, ora o pavor do Verão. Amo-o ainda mais quando vejo a cor da terra e a sombra dos seus castelos em ruínas, quando suspeito o fundo dos rios, os recantos junto dos açudes e a altura das árvores. E perco-me desse mal de paixão, quando, de longe, Trás-os-Montes se assemelha vagamente a uma terra prometida aos seus filhos mais distantes, ou mais expulsos, ou mais ignorados, ou mais mortos apenas. E amam-se aquelas árvores porque vêm do interior da terra, justamente, sem invocar a sua antiguidade ou a sua grandiosidade. Ama-se o frio, até, o esplendor das geadas sobre os lameiros, o sabor da comida que nunca perdeu a intensidade nem a razão. E amam-se os rios, os areais, os poços das hortas, as cancelas de madeira que vão perdendo a cor, e talvez se amem o fogo das lareiras, os ramos mais altos dos freixos e das cerejeiras, os jardins abonecados das suas cidades, o granito das casas, o cheiro das aldeias onde ao fim da tarde se chama paz ao silêncio e se dá nome de chuva à água do céu.”
Francisco José Viegas
Francisco José Viegas
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2 comentários:
não gosto de doces mas não resisto a desafios. proponho a seguinte leitura (com algumas falhas) 'NESTA IGREJA SE DIZEM (...)MISSAS REZADAS (...)DE CADA ANO COM(...)OS POBRES PRESENTES PELA ALMA DOS INSTITUIDORES DE QUEM SE NÃO SABE OS NOMES(...)1675'
haverá certamente quem tenha mais treino em epigrafia e acabe ou altere a minha proposta.
como é que eu podia ver ' a perna da vaca'se ela era o objectivo principal dso 'pobres presentes'? Até os ossos lhe rilhavam!
Obrigado pela magistral ensinadela. Mas como a ignorancia é atrevida, sugiro leitura de 675 (7 em vez do 2)
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