“Eu amo Trás-os-Montes naquele silêncio das florestas e das estradas afastadas que aguardam ora a neve, ora o pavor do Verão. Amo-o ainda mais quando vejo a cor da terra e a sombra dos seus castelos em ruínas, quando suspeito o fundo dos rios, os recantos junto dos açudes e a altura das árvores. E perco-me desse mal de paixão, quando, de longe, Trás-os-Montes se assemelha vagamente a uma terra prometida aos seus filhos mais distantes, ou mais expulsos, ou mais ignorados, ou mais mortos apenas. E amam-se aquelas árvores porque vêm do interior da terra, justamente, sem invocar a sua antiguidade ou a sua grandiosidade. Ama-se o frio, até, o esplendor das geadas sobre os lameiros, o sabor da comida que nunca perdeu a intensidade nem a razão. E amam-se os rios, os areais, os poços das hortas, as cancelas de madeira que vão perdendo a cor, e talvez se amem o fogo das lareiras, os ramos mais altos dos freixos e das cerejeiras, os jardins abonecados das suas cidades, o granito das casas, o cheiro das aldeias onde ao fim da tarde se chama paz ao silêncio e se dá nome de chuva à água do céu.”
Francisco José Viegas

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Lá em casa é assim...







Como o prometido é devido, aqui vai um post dos dias de matança lá em cima...
Quem me conhece sabe, não gosto de ver os animais a serem sacrificados e já há alguns anos que me recuso a ver tal ritual, mas a parte boa de tudo isto é a reunião familiar que se concretiza sempre por volta destes dias especiais... Pois se a matança é um trabalho praticamente para homens, tirando o lavar as tripas que toca as senhoras (nós somos espertinhos), a verdade é que o fumeiro é tipicamente feminino... Deixo aqui uma serie de fotos daqueles dias, particularmente da "fabricação" do fumeiro lá em minha casa. Aproveito para agradecer em nome da minha família a todos os que compareceram e ajudaram nesta ardua tarefa.
Bem hajam todos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bem Marcio, e desde já obrigado pela oportunidade de poder ver a minha mãe.
Que saudades desses dias de matança e dos dias seguintes, comia-se bem,e a cima de tudo eram grandes reuniões de familia.
Já agora alguem se lembra do "hei, vinde rezar..."? grande parodia...

Abraço