“Eu amo Trás-os-Montes naquele silêncio das florestas e das estradas afastadas que aguardam ora a neve, ora o pavor do Verão. Amo-o ainda mais quando vejo a cor da terra e a sombra dos seus castelos em ruínas, quando suspeito o fundo dos rios, os recantos junto dos açudes e a altura das árvores. E perco-me desse mal de paixão, quando, de longe, Trás-os-Montes se assemelha vagamente a uma terra prometida aos seus filhos mais distantes, ou mais expulsos, ou mais ignorados, ou mais mortos apenas. E amam-se aquelas árvores porque vêm do interior da terra, justamente, sem invocar a sua antiguidade ou a sua grandiosidade. Ama-se o frio, até, o esplendor das geadas sobre os lameiros, o sabor da comida que nunca perdeu a intensidade nem a razão. E amam-se os rios, os areais, os poços das hortas, as cancelas de madeira que vão perdendo a cor, e talvez se amem o fogo das lareiras, os ramos mais altos dos freixos e das cerejeiras, os jardins abonecados das suas cidades, o granito das casas, o cheiro das aldeias onde ao fim da tarde se chama paz ao silêncio e se dá nome de chuva à água do céu.”
Francisco José Viegas

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Uma má notícia que há muito temíamos...

Mais seis escolas primárias fechadas
O concurso para escolher o projecto de execução do Centro Escolar de Santa Cruz/Trindade já foi aprovado. O novo equipamento vai custar mais de 7,5 milhões de euros e terá capacidade para 750 alunos, anunciou o presidente da Câmara de Chaves no dia em que revelou também que este ano vão encerrar mais seis escolas primárias.



Este ano lectivo vão encerrar mais seis escolas primárias no concelho de Chaves: Calvão, Paradela de Monforte, Vilarinho das Paranheiras, Arcossó, Oura e Vilas Boas. Têm todas menos de dez alunos. O ano passado das 82 existentes encerraram 38. Jardins de infância, garantiu na passada sexta-feira o presidente da Câmara de Chaves, João Batista, não vai encerrar nenhum. Nem mesmo o de Argemil, que irá funcionar apenas com um aluno. O autarca aproveitou ainda o encontro com a comunicação social para anunciar o lançamento do concurso para a escolha do projecto de execução do Centro Escolar de Santa/Cruz Trindade. Orçado em mais de 7, 5 milhões de euros, o equipamento, “de primeira linha”, vai ter capacidade para cerca de 750 alunos do primeiro e do segundo ciclos. A construção deste, como de outro de características semelhantes na Madalena, fazem parte da denominada Carta Educativa, um documento já aprovado pela Direcção Regional de Educação do Norte que define a rede de ensino do concelho. No entanto, João Batista revelou que o centro da Madalena ficará para uma segunda fase. Para o autarca, a construção da escola de Santa Cruz é já “um passo de gigante para uma rede de ensino de qualidade”. No encontro, Batista reafirmou mais uma vez que as escolas que forem encerrando serão aproveitadas para fins culturais ou sociais. Por outro lado, a conferência de imprensa serviu ainda para o executivo camarário dar conta do aumento, em cerca de 10 euros, do apoio financeiro atribuído aos alunos carenciados do primeiro-ciclo. Mas em termos de apoio, a novidade deste ano, disse João Batista, é a decisão de subsidiar o pagamento da parte que cabia às famílias para assegurar o prolongamento de horário aos alunos do pré-primário, equivalente a 3,5 euros por cada meia hora. O apoio destina-se apenas a famílias carenciadas. Alguns aumentos verificaram-se igualmente na verba anual que a autarquia atribuiu às escolas para despesas com limpeza, tinteiros e aquecimento.

Data de Publicação: 23/08/2007

in Semanário Transmontano

2 comentários:

Anónimo disse...

A meu ver, e contrariando o título deste post, o fecho da escola primária em Paradela e noutras aldeias não representa, por si só, uma má notícia. Há que ter em conta os factores que estão em causa, que vão muito para além da proximidade à escola. Mais alunos traduzem-se em mais contactos humanos, mais inter-ajuda, mais competitividade, melhores condições a nível de equipamentos, e é claro, uma redução de custos significativa. Assim, a nova escola deverá proporcionar mais e melhor qualidade de ensino (ainda bem que passou a ser um objectivo!!). Posto isto, não digo "Que pena", mas sim "Até que enfim!".

Anónimo disse...

Olá a todos!
A meu ver esta notícia não deixa de ser má pelos motivos apresentados, claro que é insustentável manter as escolas abertas quando muitas vezes o número de professores é superior ao de crianças, não foi isso que quis dizer (óbvio), ao que me referia é ao simbolismo que representa o fecho de uma escola no seio de uma pequena colectividade como é a nossa! Qualquer um de nós anseia pela melhoria da qualidade de ensino das nossas crianças e se é esse o caminho, pois que assim seja, embora me custe ver a escola onde aprendi e cresci durante 6 anos, fechar... É triste, muito triste! Sou um privilegiado, andei na nossa escola durante seis preciosos anos (4+2) pois ainda frequentei a designada Telescola que também foi "desmantelada" no ano passado. Não considero que o ensino tivesse menos qualidade... pelo contrário, recordo com saudade os professores que tive, em especial o prof. Olvídio e Ana Maria a quem aproveito para prestar homenagem, pois ainda hoje permanecem no coração de todos os fidalgos pelo excelente trabalho prestado na nossa EBM 1008 de Paradela de Monforte, um grande bem haja a eles.

Márcio.