No sec. XIX Paradela pertencia a Monforte de Rio Livre, tinha dezanove Paroquias, que pertenciam a duas dioceses, Braga – Bragança.
São elas – 8 do concelho de Valpaços
1-Santa Valha
2-Fornos do Pinhal
3-Barreiros
4-Sonim
5-Bouçoais
6-Lebução
7-Fiães
8-Alvarelhos
E 11 do Concelho de Chaves
1-Tronco
2-Tinhela – Alvarelhos
3-Aguas Frias
4-Bobadela de Monforte
5-Cimo de Vila da Castanheira
6-Sanfins da Castanheira
7-Mairos
8-Travancas
9-Paradela de Monforte
10-Roriz
11-São Vicente da Raia
A Região de Monforte de Rio Livre dados Históricos, suas unidades geográficas, História Cultural e Religiosa.
D. Manuel Vieira de Matos, pela Bula da erecção da Diocese de Vila Real no dia 20-07-1922 dá comprimento à criação efectiva da nova e intitula-se nessa Bula, administrador apostólico da Diocese de Vila Real.
A partir dessa data 20-07-1922, o chamado arciprestado de Monforte de Rio Livre é desmembrado da Diocese de Bragança – Miranda.
Não era uma criança acabada de nascer. Era, e é, um bloco de Paroquias, em velho, maduro e fecundo roseiral de Primavera.
Ao terminar a sua Bula recomenda o grande arcebispo de Braga aos fieis, assim eclesiásticos como seculares, que anteriormente faziam parte do rebanho espiritual das Dioceses de Bragança e Lamego e que ora passam a nova Diocese, exorta vivamente no Senhor a que prestem a devida obediência ao Ordinário a cuja pastoreação ficam doravante confiados e venerem por única, legitima e canónica a sua autoridade.
Acrescentava D. Manuel – Primaz de Braga como anuncio Profético: - “ tenho esperança que esta nova Diocese seja, se não a melhor, uma das melhores dioceses de Portugal”.
Quero desde já prestar homenagem a todo esse brioso clero que moirejou por esse planalto de Monforte cujo expoente máximo foi o vosso grande sábio/culto, e zeloso Abade de Baçal, pároco de Mairos nos primeiros 7 anos da sua vida sacerdotal. (de 1889 a 1896)
Estamos num congresso de história e será bom recordar alguns dados históricos sobre esta região de Monforte, outrora pertencente a administração da casa de Bragança.
Fica limitada pela margem direita do rio Rabaçal, afluente do Tuela e do Tua a nascente, e a poente pela cumeada da Serra do Brunheiro, no cimo da qual se levanta já carcomida pelos séculos uma velha fortaleza medieval, que é o Castelo de Monforte de Rio Livre.
Livre de apelido, porque livre das águas do Tâmega e das águas do Rabaçal, e livre ainda, porque sempre independente de soberanias estrangeiras.
Consta que já no sec. XI aí existia a CIVITAS, depois acastelada e fortificada, que tinha o nome de BATOCAS ou TROIA e aparece nomeadamente nos primeiros documentos do reino como CIDADELA. A função deste castro seria como de atalaia, ou ponto de vigia frente ao Castelo de Monterrey, este já em Verin – Espanha e do Castelo de Chaves e lá ao longe o de Montalegre, Vinhais e Bragança.
Consta que D. Dinis transformou esta fortificação em Castelo, pelos meados do sec. XIV, sensivelmente contemporânea da torre do castelo de Chaves. Existe já uma referência do sec. XIII, em que figura como seu “tenente” o Magnate da casa de SOUSA, D. Gonçalo Mendes, grande valido Afonsino. Mas a administração normal e mais duradoura foi a da casa de Bragança. O título de Vila foi dado a Monforte por D. Afonso III, que também lhe concedeu o primeiro foral, dotado de 4 de Setembro de 1273, reservando o Rei para si o padroado, não dispensando os moradores do serviço militar. O rico-homem quando quisesse ir à Vila comer tinha de pagar do seu bolso. Que bela lição deste Rei para os nossos reizetes que vão comendo o povo e à custa do povo...
O meirinho da coroa não podia entrar na Vila e seu termo, quer dizer, que o funcionário judicial não podia ali administrar justiça ou injustiça. Aqueles moradores eram como afilhados do Rei.
Tinham feira dois dias por mês e era feira franca, isto é, podiam entrar bens ou pessoas fora da comarca.
Ficavam também os moradores isentos de pagar portagem em todo o país... claro que naquela altura não existia a brisa...
Mais tarde D. Manuel concedeu-lhe novo foral datado de Santarém em 1 de Junho de 1612; no regime liberal, por falta de moradores, este concelho foi extinto, sendo transferido para Lebução.
Das antigas muralhas já pouco resta, pois muita pedra foi roubada para construção de casas nas aldeias vizinhas, subsistindo apenas pequenos troços, num dos quais ainda se podem ver as portas da Vila.
A torre de menagem é a peça melhor conservada, e nela havia uma cisterna. Com pequenas alterações a torre do Castelo de Monforte é a copia da torre do castelo de Chaves, pelo que marcam não só uma época como também o seu autor. Tem uma panorâmica empolgante sobre o vale de Chaves, as terras de Verin e as serras de Larouco.
A “terra” ou região de Monforte compreendia, as Freguesias de São Vicente, Roriz, Travancas, Mairos, Paradela, São Fins, Castanheira, Aguas Frias, Bobadela, Tronco, Oucidres, Lebução, Bouçoais, Fiães, Tinhela, Alvarelhos, Sonim, Barreiros, Santa Valha e Fornos do Pinhal.
Tronco, neste tempo, não era paroquia, é de criação mais recente.
“Eu amo Trás-os-Montes naquele silêncio das florestas e das estradas afastadas que aguardam ora a neve, ora o pavor do Verão. Amo-o ainda mais quando vejo a cor da terra e a sombra dos seus castelos em ruínas, quando suspeito o fundo dos rios, os recantos junto dos açudes e a altura das árvores. E perco-me desse mal de paixão, quando, de longe, Trás-os-Montes se assemelha vagamente a uma terra prometida aos seus filhos mais distantes, ou mais expulsos, ou mais ignorados, ou mais mortos apenas. E amam-se aquelas árvores porque vêm do interior da terra, justamente, sem invocar a sua antiguidade ou a sua grandiosidade. Ama-se o frio, até, o esplendor das geadas sobre os lameiros, o sabor da comida que nunca perdeu a intensidade nem a razão. E amam-se os rios, os areais, os poços das hortas, as cancelas de madeira que vão perdendo a cor, e talvez se amem o fogo das lareiras, os ramos mais altos dos freixos e das cerejeiras, os jardins abonecados das suas cidades, o granito das casas, o cheiro das aldeias onde ao fim da tarde se chama paz ao silêncio e se dá nome de chuva à água do céu.”
Francisco José Viegas
Francisco José Viegas
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