“Eu amo Trás-os-Montes naquele silêncio das florestas e das estradas afastadas que aguardam ora a neve, ora o pavor do Verão. Amo-o ainda mais quando vejo a cor da terra e a sombra dos seus castelos em ruínas, quando suspeito o fundo dos rios, os recantos junto dos açudes e a altura das árvores. E perco-me desse mal de paixão, quando, de longe, Trás-os-Montes se assemelha vagamente a uma terra prometida aos seus filhos mais distantes, ou mais expulsos, ou mais ignorados, ou mais mortos apenas. E amam-se aquelas árvores porque vêm do interior da terra, justamente, sem invocar a sua antiguidade ou a sua grandiosidade. Ama-se o frio, até, o esplendor das geadas sobre os lameiros, o sabor da comida que nunca perdeu a intensidade nem a razão. E amam-se os rios, os areais, os poços das hortas, as cancelas de madeira que vão perdendo a cor, e talvez se amem o fogo das lareiras, os ramos mais altos dos freixos e das cerejeiras, os jardins abonecados das suas cidades, o granito das casas, o cheiro das aldeias onde ao fim da tarde se chama paz ao silêncio e se dá nome de chuva à água do céu.”
Francisco José Viegas

terça-feira, 29 de junho de 2010

Na época de transição

A primavera despediu-se há poucos dias, deixando-nos, no entanto, alguma da sua beleza para o verão, que este por sua vez tomou o seu lugar . O verão entrou em força, como que de um rei se tratasse, estendendo os seus braços para impor a sua ordem .

Este rei imponente vai reclamando pelas cores que a primavera nos deixou, despolindo-as com os seus raios impiedosos . A vegetação que beira os caminhos vai dando os primeiros sinais de verão .

Local das fotos: caminho entre a ponte do regueirinho e o moinho do torneiro .

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