“Eu amo Trás-os-Montes naquele silêncio das florestas e das estradas afastadas que aguardam ora a neve, ora o pavor do Verão. Amo-o ainda mais quando vejo a cor da terra e a sombra dos seus castelos em ruínas, quando suspeito o fundo dos rios, os recantos junto dos açudes e a altura das árvores. E perco-me desse mal de paixão, quando, de longe, Trás-os-Montes se assemelha vagamente a uma terra prometida aos seus filhos mais distantes, ou mais expulsos, ou mais ignorados, ou mais mortos apenas. E amam-se aquelas árvores porque vêm do interior da terra, justamente, sem invocar a sua antiguidade ou a sua grandiosidade. Ama-se o frio, até, o esplendor das geadas sobre os lameiros, o sabor da comida que nunca perdeu a intensidade nem a razão. E amam-se os rios, os areais, os poços das hortas, as cancelas de madeira que vão perdendo a cor, e talvez se amem o fogo das lareiras, os ramos mais altos dos freixos e das cerejeiras, os jardins abonecados das suas cidades, o granito das casas, o cheiro das aldeias onde ao fim da tarde se chama paz ao silêncio e se dá nome de chuva à água do céu.”
Francisco José Viegas

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Dia de São Martinho

Caros Fidalgos, como manda a tradição, no dia de São Martinho....

assam-se as castanhas...



e prova-se o vinho...



de preferência do novo... ou então uma jeropiga!

E já agora pedimos ao S. Martinho que dê um ar da sua graça e nos mande vir o conhecido verão destes dias!


EFEMÉRIDE deste dia


No calendário litúrgico, o dia de S. Martinho celebra-se a 11 de Novembro, data em que este Santo, primeiro dos Santos não mártires, falecido dois ou três dias antes em Candes, no ano de 397, foi a enterrar em Tours, França, com pompa e circunstância na cidade de que fora Bispo durante mais de um quarto de século.




Conta a lenda que num dia de Outono/Inverno rigoroso, Martinho soldado ao serviço do Imperador de França, viajava no seu cavalo, decorria o ano 337, quando no caminho se deparou com um pobre mendigo, cheio de frio no meio daquela intempérie. Sem hesitar, Martinho, com a sua espada rasgou a sua capa de soldado ao meio e cedeu-a aquele pobre. Quando prosseguiu o seu caminho, as nuvens subitamente desapareceram e veio o famoso sol de São Martinho, permitindo que este chegasse ao seu destino em condições.


O facto de o seu dia coincidir com a época do ano em que se celebra o culto dos antepassados e com a altura do calendário rural em que terminam os trabalhos agrícolas e se começam a usufruir das colheitas (do vinho, dos frutos, dos animais) leva a que a festa deste Santo tenha toda uma componente de exuberância que atualmente tende a prevalecer.

Assim, em Portugal, o dia de S.Martinho é invocado nas cerimónias religiosas dos locais culto, e o seu espírito de solidariedade lembrado, quanto mais não seja, através do relato do episódio em que partilhou a sua capa com um pobre; mas de resto, e por todo o lado, as pessoas andam ocupadas nas atividades mencionadas nos provérbios sobre este dia: assam-se as castanhas, prova-se o vinho…




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