“Eu amo Trás-os-Montes naquele silêncio das florestas e das estradas afastadas que aguardam ora a neve, ora o pavor do Verão. Amo-o ainda mais quando vejo a cor da terra e a sombra dos seus castelos em ruínas, quando suspeito o fundo dos rios, os recantos junto dos açudes e a altura das árvores. E perco-me desse mal de paixão, quando, de longe, Trás-os-Montes se assemelha vagamente a uma terra prometida aos seus filhos mais distantes, ou mais expulsos, ou mais ignorados, ou mais mortos apenas. E amam-se aquelas árvores porque vêm do interior da terra, justamente, sem invocar a sua antiguidade ou a sua grandiosidade. Ama-se o frio, até, o esplendor das geadas sobre os lameiros, o sabor da comida que nunca perdeu a intensidade nem a razão. E amam-se os rios, os areais, os poços das hortas, as cancelas de madeira que vão perdendo a cor, e talvez se amem o fogo das lareiras, os ramos mais altos dos freixos e das cerejeiras, os jardins abonecados das suas cidades, o granito das casas, o cheiro das aldeias onde ao fim da tarde se chama paz ao silêncio e se dá nome de chuva à água do céu.”
Francisco José Viegas

sábado, 24 de dezembro de 2011

Para reflectir...


É nesta quadra festiva, altura do ano em que as famílias se reúnem para comemorar o nascimento de Jesus Cristo, isto mesmo que disse, repito, nascimento de Jesus Cristo, é por causa deste propósito, desta festa cristã celebrada mundialmente, que no espírito humano está mais presente a solidariedade entre nós, o amor, a confraternização na fé cristã. Mas, apesar de ser este o sentido do natal, ao longo dos últimos anos o capitalismo e a materialização das coisas alteraram de forma significativa o verdadeiro fundamento da comemoração do nascimento de Jesus.

A figura do Pai Natal representa bem, o sentido com que actualmente o vivemos, o material, o do capitalismo por vezes exagerado, claro que, olhado e vivido desta forma, tem o efeito desejado por esse mesmo capitalismo, o do consumo desmesurado. Não estou contra a figura do Pai Natal, contra a troca de prendas entre as famílias, é pois uma oportunidade de aproximação e união, uma demonstração de carinho, mas sim contra os exageros do momento.

Acho que devíamos reflectir um pouco, pensar na verdadeira razão da festa cristã, naquilo em que fomos educados, provavelmente já criados na conjuntura actual, mas, ainda vamos sempre a tempo da mudança, de nos deixarmos dos exageros materiais e dar valor ao espírito sentido nesta quadra festiva, a solidariedade e bondade humana, pois esses nossos exageros podem ser a carência de outros.

E para finalizar, como mensagem, gostaria de desejar um Santo e Feliz Natal para todos, vivido espiritualmente, de forma harmoniosa e alegre entre as famílias, tendo em mente que é por causa do nascimento de Jesus, data mais importante do calendário cristão, que nos reunimos.

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