“Eu amo Trás-os-Montes naquele silêncio das florestas e das estradas afastadas que aguardam ora a neve, ora o pavor do Verão. Amo-o ainda mais quando vejo a cor da terra e a sombra dos seus castelos em ruínas, quando suspeito o fundo dos rios, os recantos junto dos açudes e a altura das árvores. E perco-me desse mal de paixão, quando, de longe, Trás-os-Montes se assemelha vagamente a uma terra prometida aos seus filhos mais distantes, ou mais expulsos, ou mais ignorados, ou mais mortos apenas. E amam-se aquelas árvores porque vêm do interior da terra, justamente, sem invocar a sua antiguidade ou a sua grandiosidade. Ama-se o frio, até, o esplendor das geadas sobre os lameiros, o sabor da comida que nunca perdeu a intensidade nem a razão. E amam-se os rios, os areais, os poços das hortas, as cancelas de madeira que vão perdendo a cor, e talvez se amem o fogo das lareiras, os ramos mais altos dos freixos e das cerejeiras, os jardins abonecados das suas cidades, o granito das casas, o cheiro das aldeias onde ao fim da tarde se chama paz ao silêncio e se dá nome de chuva à água do céu.”
Francisco José Viegas

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

"Visitas surpresa"

O fidalgo Octávio, pastor que soma mais anos na vida de pastoreio em comparação aos demais da aldeia, em que o orgulho na arte se soma à coragem e sabedoria. Já foi no distante dia 3 de Setembro que eu lhe fiz companhia numa simpática tarde. Encontrei-me com ele ao torneiro, mas o seu rumo era a Regueireira. As horas voavam enquanto me contava histórias verídicas de lobos ousados e famintos, a que muitas vezes presenciou, algumas delas com grande coragem perante situações a que muitos de nós nos daria um arrepio na espinha!

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