“Eu amo Trás-os-Montes naquele silêncio das florestas e das estradas afastadas que aguardam ora a neve, ora o pavor do Verão. Amo-o ainda mais quando vejo a cor da terra e a sombra dos seus castelos em ruínas, quando suspeito o fundo dos rios, os recantos junto dos açudes e a altura das árvores. E perco-me desse mal de paixão, quando, de longe, Trás-os-Montes se assemelha vagamente a uma terra prometida aos seus filhos mais distantes, ou mais expulsos, ou mais ignorados, ou mais mortos apenas. E amam-se aquelas árvores porque vêm do interior da terra, justamente, sem invocar a sua antiguidade ou a sua grandiosidade. Ama-se o frio, até, o esplendor das geadas sobre os lameiros, o sabor da comida que nunca perdeu a intensidade nem a razão. E amam-se os rios, os areais, os poços das hortas, as cancelas de madeira que vão perdendo a cor, e talvez se amem o fogo das lareiras, os ramos mais altos dos freixos e das cerejeiras, os jardins abonecados das suas cidades, o granito das casas, o cheiro das aldeias onde ao fim da tarde se chama paz ao silêncio e se dá nome de chuva à água do céu.”
Francisco José Viegas
Francisco José Viegas
sábado, 27 de novembro de 2010
O frio chegou
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3 comentários:
Olá Fidalgos! Também cá pelo Porto se faz sentir o frio, um grau pela manhã faz lembrar o gelo que por aí se sente e com mais humidade, até quebra... os ossos. Esta semana é de contagem decrescente pra ir até à aldeia, pois no proximo fim de semana vai ser a matança dos recos! Que saudades daqueles rojões no pote e do sangue cozido com alho e um bom tinto caseiro, falta pouco.. abraços
Então haver se apareces, Oscar, para irmos para o largo da escola à noite, fazer rodar o palha-de-aço . Leva tu os palhitos para o acender . Lembras-te ?
Já tínhamos em comum as geadas. A neve, por nós esperada, também apareceu hoje, em força. E aí?
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