“Eu amo Trás-os-Montes naquele silêncio das florestas e das estradas afastadas que aguardam ora a neve, ora o pavor do Verão. Amo-o ainda mais quando vejo a cor da terra e a sombra dos seus castelos em ruínas, quando suspeito o fundo dos rios, os recantos junto dos açudes e a altura das árvores. E perco-me desse mal de paixão, quando, de longe, Trás-os-Montes se assemelha vagamente a uma terra prometida aos seus filhos mais distantes, ou mais expulsos, ou mais ignorados, ou mais mortos apenas. E amam-se aquelas árvores porque vêm do interior da terra, justamente, sem invocar a sua antiguidade ou a sua grandiosidade. Ama-se o frio, até, o esplendor das geadas sobre os lameiros, o sabor da comida que nunca perdeu a intensidade nem a razão. E amam-se os rios, os areais, os poços das hortas, as cancelas de madeira que vão perdendo a cor, e talvez se amem o fogo das lareiras, os ramos mais altos dos freixos e das cerejeiras, os jardins abonecados das suas cidades, o granito das casas, o cheiro das aldeias onde ao fim da tarde se chama paz ao silêncio e se dá nome de chuva à água do céu.”
Francisco José Viegas

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Paradela em Festa - Senhora das Neves

Foi no dia 5 de Agosto a festa de Nossa Senhora das Neves.

A origem remonta aos tempos do Papa Libério que governou a Igreja entre 352 e 366. Segundo uma lenda, Nossa Senhora apareceu em sonhos a um patricio João pedindo-lhe que mandasse construir uma Igreja em sua honra num lugar que lhe fosse indicado pela neve.

Neve em Agosto, e em Roma?

Pois bem, segundo a mesma lenda apareceu neve nesse dia sobre o monte Esquilino. Daí vem a origem da grande Basílica de Santa Maria Maior também chamada liberiana devido à influência do Papa Libério.


Nossa Senhora das Neves é a Padroeira de Paradela.


No fim da missa, houve a habitual procissão pelo adro da igreja, seguindo-se o tradicional leilão do cacho das uvas que rendeu 100 Euros.











À tarde, seguiu-se a a Festa do Ramo. Para quem não sabe, em Paradela há um velho costume de neste dia um casal se oferecer para servir gratuitamente a Igreja durante um ano O marido fazendo as vezes de sacristão e a mulher tratando da limpeza da Igreja, dos paramentos do padre, bem como das flores e toalhas dos altares. Neste dia, o casal cessante, leva à casa do novo casal um ramo de "negrilho" (olmo branco) enfeitado com rebuçados, bolachas e outros doces, onde também vai um frango, uma melancia e as chaves da Igreja. O povo todo segue o ramo em cortejo até à casa do novo casal ao som da concertina e das castanholas. Aí chegados, bebem-se "uns canecos" e os dois casais, trocando de parceiras, dançam a "murinheira" seguidos depois pelos restantes presentes.



Este ano, o cortejo saiu de casa do Eliseu e da Lucia, no Bairro do Pombal e seguiu para a estrada da Senhora da Penha, para a casa do Alcino e da Isabel.










1 comentário:

Anónimo disse...

Onde ha festa o Gigas não falha