“Eu amo Trás-os-Montes naquele silêncio das florestas e das estradas afastadas que aguardam ora a neve, ora o pavor do Verão. Amo-o ainda mais quando vejo a cor da terra e a sombra dos seus castelos em ruínas, quando suspeito o fundo dos rios, os recantos junto dos açudes e a altura das árvores. E perco-me desse mal de paixão, quando, de longe, Trás-os-Montes se assemelha vagamente a uma terra prometida aos seus filhos mais distantes, ou mais expulsos, ou mais ignorados, ou mais mortos apenas. E amam-se aquelas árvores porque vêm do interior da terra, justamente, sem invocar a sua antiguidade ou a sua grandiosidade. Ama-se o frio, até, o esplendor das geadas sobre os lameiros, o sabor da comida que nunca perdeu a intensidade nem a razão. E amam-se os rios, os areais, os poços das hortas, as cancelas de madeira que vão perdendo a cor, e talvez se amem o fogo das lareiras, os ramos mais altos dos freixos e das cerejeiras, os jardins abonecados das suas cidades, o granito das casas, o cheiro das aldeias onde ao fim da tarde se chama paz ao silêncio e se dá nome de chuva à água do céu.”
Francisco José Viegas

domingo, 12 de setembro de 2010

Fidalgos Revoltados

Noticia aqui
O motivo da revolta dos Fidalgos deve-se à morte do jovem David de apenas 13 anos que, conforme noticia do Jornal de Noticias de hoje, foi alvo da mais grosseira negligência médica nas urgências do Hospital de Chaves.

"Está a decorrer no hospital de Chaves um inquérito interno para apurar eventual negligência médica na morte de um menino de 13 anos. A família da criança acusa os médicos de terem desvalorizado sintomas e de diagnóstico tardio.

Os factos ocorreram há cerca de três semanas. De acordo com a reclamação apresentada no Hospital de Chaves pela família, apesar do crescente agravamento do estado de saúde da criança, os médicos só terão diagnosticado a doença ao terceiro dia de internamento, peritonite generalizada, uma infecção de uma membrana que envolve o intestino, que, em alguns casos, deriva de uma apendicite em último grau e que obriga a cirurgia urgente. Uma infecção que pode ser fatal (ver entrevista ao lado). Os pais do menino querem agora que "sejam feitas as necessárias averiguações para apurar as razões pelas quais não foram prestados actos médicos capazes de evitar o sofrimento e a morte do filho".
Segundo a versão da família, David Pereira terá entrado no Hospital no passado dia 20 de Agosto. Queixava-se de fortes dores de barriga. O pediatra que o atendeu terá ordenado o seu internamento, para ser submetido a um tratamento de soro e ficar em observações. De acordo com a família, para detectar a origem das dores, o único exame complementar de diagnóstico que lhe terá sido feito, sexta e sábado, foi análises sanguíneas. Mas o estado de saúde era cada vez pior. "Tinha mais dores, suores frios e vomitava tudo o que comia". Terá sido, nesta altura, que o pediatra pediu opinião a um cirurgião. No entanto, de acordo com a queixa, o clínico terá desvalorizado os sintomas da criança. Terá dito que as dores eram provenientes de gases e terá ordenado que lhe fosse dado chá, que David terá vomitado de seguida.
Durante a noite, de sábado para domingo, o estado de saúde ter-se-á agravado ainda mais. David terá ficado com os músculos presos por duas vezes. Domingo de manhã, a situação piorou ainda mais. David "tinha o corpo com manchas roxas, os lábios azuis, a barriga dura". Perante o estado do filho, o pai ter-se-á exaltado e exigido a presença de um médico. David terá sido visto por outro cirurgião. O clínico em causa terá então pedido a realização de uma TAC e perante o resultado terá informado os pais de que a criança teria que ser transferida para o Porto para ser operada, uma vez que o hospital de Chaves não tinha cuidados intensivos. A transferência acabou por acontecer apenas às 16 horas. No entanto, David não resistiu e acabou por falecer na ambulância em plena auto-estrada.

Carlos Vaz, presidente do Centro Hospitalar de  Trás-os-Montes e Alto Douro, confirmou ao JN que "o centro hospitalar, na sequência da queixa da família, instaurou um inquérito interno para apurar se houve ou não negligência médica". Carlos Vaz acredita que o inquérito estará concluído num prazo de "dois meses", garantindo o responsável que as conclusões serão comunicadas aos familiares do jovem falecido."

Quero expressar as mais sinceras condolências, ao Fidalgo João e respectiva família, disponibilizando este espaço para aquilo que acharem pertinente divulgar acerca do processo.

Para finalizar, proponho a todos os Fidalgos da Aldeia que enviem mensagens de apoio e conforto a esta família. É muito difícil perder um ente querido. Mais difícil se torna quando é por negligência de alguém que ocupa um posto que não merece. 

Esperemos que  "inquérito interno" apure realmente a verdade para que "o ou os" responsáveis desde crime sejam devidamente punidos.

3 comentários:

Anónimo disse...

e mesmo muito triste...e uma dor muito grande,força joao e família....

Anónimo disse...

Não desistam, que se faça justiça ao David.
Sentidas condulências.

Anónimo disse...

Infelizmente ainda se morre devido aos erros grosseiros praticados por estes "profissionais" da saúde ! De facto, é de lamentar esta perda muito precoce . Força aos pais e que ergam a cabeça para se fazer o que tem de ser feito !
Paulo