“Eu amo Trás-os-Montes naquele silêncio das florestas e das estradas afastadas que aguardam ora a neve, ora o pavor do Verão. Amo-o ainda mais quando vejo a cor da terra e a sombra dos seus castelos em ruínas, quando suspeito o fundo dos rios, os recantos junto dos açudes e a altura das árvores. E perco-me desse mal de paixão, quando, de longe, Trás-os-Montes se assemelha vagamente a uma terra prometida aos seus filhos mais distantes, ou mais expulsos, ou mais ignorados, ou mais mortos apenas. E amam-se aquelas árvores porque vêm do interior da terra, justamente, sem invocar a sua antiguidade ou a sua grandiosidade. Ama-se o frio, até, o esplendor das geadas sobre os lameiros, o sabor da comida que nunca perdeu a intensidade nem a razão. E amam-se os rios, os areais, os poços das hortas, as cancelas de madeira que vão perdendo a cor, e talvez se amem o fogo das lareiras, os ramos mais altos dos freixos e das cerejeiras, os jardins abonecados das suas cidades, o granito das casas, o cheiro das aldeias onde ao fim da tarde se chama paz ao silêncio e se dá nome de chuva à água do céu.”
Francisco José Viegas

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Petição Criação da Unidade Local de Saúde do Alto Tâmega

O Município de Chaves lançou uma petição pública on-line pela criação de uma Unidade Local de Saúde do Alto Tâmega. Segundo se pode ler na mesma, há vários factos "inequívocos" que "desqualificam o Hospital de Chaves e contribuem decisivamente para a desconfiança que…

…marca a atitude das populações perante a resposta do Serviço Nacional de Saúde na região". "Até 2007, ano da integração no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, o Hospital Distrital de Chaves prestou serviços de reconhecida qualidade. Infelizmente, hoje, não é essa a imagem que projecta", pode ler-se.

A petição lembra que o Hospital de Chaves tem vindo a perder funcionários desde 2007, ao contrário das unidades de Lamego e Vila Real, tal como acontece com o número de médicos. "Investimentos prometidos e programados não foram realizados como, por exemplo, a ampliação e modernização do bloco operatório e do recobro", refere.

Segundo a petição, "é de consenso que uma eficaz articulação entre os cuidados de saúde primários e os cuidados diferenciados, deve constituir uma preocupação permanente e constante", pelo que os signatários pedem que seja criada a Unidade Local de Saúde do Alto Tâmega.

 
Subscreve a petição aqui http://www.peticaopublica.com/?pi=P2010N3040  e divulga-a pelos teus contactos
 
 
Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República

O Serviço Nacional de Saúde completou 31 anos. Os indicadores disponíveis apontam para um claro sucesso na melhoria da prestação de cuidados de saúde às populações. Está o país de parabéns.

Em 1983 é inaugurado o Hospital Distrital de Chaves. É inquestionável a importância deste investimento para as populações do Alto Tâmega, ao ponto, de se poder afirmar, que se trata do investimento mais relevante de sempre na sub-região do Alto Tâmega.

Até 2007, ano da integração no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, o Hospital Distrital de Chaves prestou serviços de reconhecida qualidade. Infelizmente, hoje, não é essa a imagem que projecta. E se não se alterar a situação, a tendência é piorar. Está a população do Alto Tâmega drasticamente desprotegida.

Em apenas três anos estes são os factos:

•O Hospital de Chaves tem vindo a perder funcionários desde 2007. A Unidade de Lamego tem mais funcionários e a Unidade de Vila Real tem acima de duas centenas mais (concretamente 208);

•O número de médicos tem vindo a reduzir-se de forma extremamente preocupante, hoje possui menos 35, quase metade dos então existentes;

•Fecharam desde a integração os seguintes serviços: Obstetrícia (maternidade); Nefrologia; Imunoalergologia; Imunohemoterapia e Medicina Forense;

•O número de médicos, em especialidades fundamentais para o funcionamento da Urgência Médico-Cirúrgica, foi reduzido de forma dramática: em 2007 havia 9 médicos cirurgiões, hoje são 5 e a muito curto prazo serão unicamente 3; havia 4 anestesistas, hoje são 3; havia 14 internistas, hoje são 8; havia 2 patologistas, hoje há 1; havia 3 radiologistas, hoje há 1; havia 8 pediatras, actualmente são 4. A urgência Médico-Cirúrgica está em risco de encerrar;

•Perdeu vários serviços que afectam assinalavelmente a economia local (cozinha, lavandaria, toda a aquisição de consumíveis, etc.);

•Investimentos prometidos e programados não foram realizados (ampliação e modernização do bloco operatório e do recobro; etc.).

Estes factos, inequívocos, desqualificam o Hospital de Chaves e contribuem decisivamente para a desconfiança que marca a atitude das populações perante a resposta do Serviço Nacional de Saúde na região. Já não se acredita na capacidade do Conselho de Administração do Centro Hospitalar para reverter esta situação.

É de consenso que uma eficaz articulação entre os cuidados de saúde primários e os cuidados diferenciados, deve constituir uma preocupação permanente e constante.

A criação da Unidade Local de Saúde de Matosinhos é entendida pelo Ministério da Saúde como uma experiência inovadora, e que o modelo organizacional de unidade local de saúde é o mais adequado para a prestação de cuidados de saúde à população, cujos interesses e necessidades importa, em primeiro lugar, salvaguardar.

Tendo o governo considerado como muito positiva a experiência de Matosinhos, foram criadas as Unidades Locais de Saúde do Norte Alentejo, do Baixo Alentejo, do Alto Minho, da Guarda e de Castelo Branco.

O Hospital de Chaves está desqualificado, a Urgência Médico-Cirúrgica tão necessária e fundamental para as populações da sub-região, está hoje em causa.
Por estas razões, vêm os cidadãos subscritores da presente petição, conferir a possibilidade de exercerem os seus direitos constitucionais de entrega da presente petição, para que à semelhança de outras regiões do País, seja criada a UNIDADE LOCAL DE SAÚDE DO ALTO TÂMEGA.

Os signatários
 
Subscreve a petição aqui http://www.peticaopublica.com/?pi=P2010N3040  e divulga-a pelos teus contactos

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