“Eu amo Trás-os-Montes naquele silêncio das florestas e das estradas afastadas que aguardam ora a neve, ora o pavor do Verão. Amo-o ainda mais quando vejo a cor da terra e a sombra dos seus castelos em ruínas, quando suspeito o fundo dos rios, os recantos junto dos açudes e a altura das árvores. E perco-me desse mal de paixão, quando, de longe, Trás-os-Montes se assemelha vagamente a uma terra prometida aos seus filhos mais distantes, ou mais expulsos, ou mais ignorados, ou mais mortos apenas. E amam-se aquelas árvores porque vêm do interior da terra, justamente, sem invocar a sua antiguidade ou a sua grandiosidade. Ama-se o frio, até, o esplendor das geadas sobre os lameiros, o sabor da comida que nunca perdeu a intensidade nem a razão. E amam-se os rios, os areais, os poços das hortas, as cancelas de madeira que vão perdendo a cor, e talvez se amem o fogo das lareiras, os ramos mais altos dos freixos e das cerejeiras, os jardins abonecados das suas cidades, o granito das casas, o cheiro das aldeias onde ao fim da tarde se chama paz ao silêncio e se dá nome de chuva à água do céu.”
Francisco José Viegas

domingo, 3 de outubro de 2010

Dia de vindima

Este ano as vindimas decorrem a um ritmo mais rápido do que é normal, ou seja, há menos uvas e a vindima de cada um termina um pouco mais cedo .
Na aldeia ainda persiste o hábito de as pessoas se ajudarem nas tarefas sazonais. A vindima do Ti Domingos Barroso também não escapou à escassez. Os anos já lhe roubaram as forças de antigamente, mesmo assim, insistia em participar na tarefa, porém, contou com a habitual ajuda de familiares .

A família é aquela com quem ainda se vai contando, os filhos nem sempre podem, tem os seus empregos, as suas vidas... moram longe.
A vindima foi num ápice que se fez, a meio da tarde deu-se como finalizada ! No lagar, um mastragador é uma grande ajuda na transformação das uvas em vinho . Lavaram-se as mãos pegajentas e, foi-nos servido um lanche bem requintado . É um dia diferente, um dia vivido em família, onde se revive a boa tradição e a alegria das nossas gentes !

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