“Eu amo Trás-os-Montes naquele silêncio das florestas e das estradas afastadas que aguardam ora a neve, ora o pavor do Verão. Amo-o ainda mais quando vejo a cor da terra e a sombra dos seus castelos em ruínas, quando suspeito o fundo dos rios, os recantos junto dos açudes e a altura das árvores. E perco-me desse mal de paixão, quando, de longe, Trás-os-Montes se assemelha vagamente a uma terra prometida aos seus filhos mais distantes, ou mais expulsos, ou mais ignorados, ou mais mortos apenas. E amam-se aquelas árvores porque vêm do interior da terra, justamente, sem invocar a sua antiguidade ou a sua grandiosidade. Ama-se o frio, até, o esplendor das geadas sobre os lameiros, o sabor da comida que nunca perdeu a intensidade nem a razão. E amam-se os rios, os areais, os poços das hortas, as cancelas de madeira que vão perdendo a cor, e talvez se amem o fogo das lareiras, os ramos mais altos dos freixos e das cerejeiras, os jardins abonecados das suas cidades, o granito das casas, o cheiro das aldeias onde ao fim da tarde se chama paz ao silêncio e se dá nome de chuva à água do céu.”
Francisco José Viegas

sábado, 16 de outubro de 2010

Caminho do freixal

Há uns anos atrás os caminhos rurais adjacentes à aldeia sofriam alterações . Melhorar e alargar as principais artérias que ligam aos terrenos foi um dos grandes feitos que a Freguesia teve . O caminho do freixal não foi esquecido ! Ao fim de alguns anos, e sem nenhuma divergência entre um proprietário ou outro, chegou agora a sua merecida vez . Os caminhos tiveram que ser moldados, acompanhado as exigências dos tempos modernos . A maquinaria agrícola tomou lugar aos carros de bois, e (em grande parte) às carroças . Se os nossos antepassados cá viessem, concerteza que não iriam reconhecer certos locais . Quem não se recorda das ruas da aldeia terem o piso em seixo ? Eu lembro-me, e bem, tenho parte desse tempo ! Ainda "meninho", fazíamos rolar o aro de uma roda de bicicleta ou mota, movido e equilibrado pelo pau de sabugueiro, eram as xouxas ! Davam cá cada salto quando batiam nas pedras mais salientes, há noite até faziam lume, seguindo-se um leve cheiro a queimado ! Outras brincadeiras, outros tempos... outros caminhos !

1 comentário:

Óscar disse...

Parabéns Paulo, por mais um artigo interessantíssimo! Mais uma novidade que só através das noticias do blog eu consigo saber, agora cá pela INBICTA!!
E claro essa tua memória descritiva daqueles velhos tempos tão saudosos está sempre bem presente em todas as participações! Abraço.