“Eu amo Trás-os-Montes naquele silêncio das florestas e das estradas afastadas que aguardam ora a neve, ora o pavor do Verão. Amo-o ainda mais quando vejo a cor da terra e a sombra dos seus castelos em ruínas, quando suspeito o fundo dos rios, os recantos junto dos açudes e a altura das árvores. E perco-me desse mal de paixão, quando, de longe, Trás-os-Montes se assemelha vagamente a uma terra prometida aos seus filhos mais distantes, ou mais expulsos, ou mais ignorados, ou mais mortos apenas. E amam-se aquelas árvores porque vêm do interior da terra, justamente, sem invocar a sua antiguidade ou a sua grandiosidade. Ama-se o frio, até, o esplendor das geadas sobre os lameiros, o sabor da comida que nunca perdeu a intensidade nem a razão. E amam-se os rios, os areais, os poços das hortas, as cancelas de madeira que vão perdendo a cor, e talvez se amem o fogo das lareiras, os ramos mais altos dos freixos e das cerejeiras, os jardins abonecados das suas cidades, o granito das casas, o cheiro das aldeias onde ao fim da tarde se chama paz ao silêncio e se dá nome de chuva à água do céu.”
Francisco José Viegas

sábado, 4 de junho de 2011

Redescobrir...

Quase sempre, de uma maneira ou de outra, em cada caminhada que realizo encontro algo novo, não só pelo padrão que a Natureza nos dispõe, mas também recantos totalmente irreconhecíveis, após passarem longos períodos da última vez que por aí passei . O percurso escolhido foi do bairro do Santinho aos pinheiros, seguindo para o campo da bola.
Uma planta silvestre que é bastante comum nesta altura do ano, costuma ladear caminhos e alguns terrenos, é aquela em que se vê na primeira foto, cujo nome desconheço. Sei que apresenta uma flor em forma de capucho ou sininho, tendo encontrado dezenas desta espécie.
Cortar atalhos ou deixar-nos levar pelo encanto desta magia natural é um modo em que, por vezes, dou por mim com os pés encharcados e o calçado cheio de fura-sacos. Mas realmente o mais surpreendente neste episódio, foi quando atravessei por um terreno inculto aos pinheiros, próximo do campo da bola.
Não sei a quem pertencem estas propriedades, mas, sem dúvida, sei que outrora estes terrenos eram o sustento de alguém. As cerejeiras agora com o seu fruto e um marmeleiro bem no meio do terreno lutam com bastante dificuldade pela sua sobrevivência aos silvados e às giestas que crescem e se desenvolvem de forma espontânea!
O abrunheiro bravo(Prunus espinosa) também faz parte deste elenco, os seus frutos são pequenos e bastante apetitosos à primeira vista. Porém, são muito ácidos, só sendo comestíveis quando estão a cair de maduros. Os seus caules são cobertos por espinhos bastante afiados ! Isto tudo se passa sob o olhar atento de um imponente roseiral bravo que ali coabita, desemaranhando-se e erguendo-se bem mais alto que as próprias silvas .
Logo acima, situado ao lado do espaço criado para o futebol, existem algumas árvores que ali foram plantadas, entre elas há uma espécie que desconheço totalmente . É uma árvore de pequeno porte e que dá um fruto semelhante às amoras, com as mesmas cores, mas de um formato oval ! Pode ser que algum leitor saiba de que árvore se trata...
Subi ao campo de futebol e reparei que ali tinha andado um tractor a alisar o espaço. Pelas minhas contas, a tarefa teve lugar há oito dias atrás, quando a centenas de metros eu filmava a poeira daí proveniente e que se elevava bem alto. O jogo de fotografias não tinha terminado, foram cinquenta e quatro as que tirei, sendo a maior parte delas eliminadas, outras serão arquivadas e talvez exibidas posteriormente .

1 comentário:

Gracinda disse...

Parabéns Paulo, por nos brindares com fotos lindissimas e excelentes reportagens. Gracinda Carvalho